Risco Hang: Reputação e valor do ativo
Risco Hang: Na era da informação, todos são mídia e não há espaço para amadorismos e inconsistências na construção de reputação e na comunicação diária entre stakeholders.
O Valor Econômico desenvolveu uma matéria de página inteira sobre a investida da Havan na abertura de seu capital na Bolsa de Valores. Escrita pelas jornalistas Adriana Mattos e Maria Luiza Filgueiras – autora do livro “Na Raça…” sobre como Guilherme Benchimol construiu a XP -, a matéria consulta inúmeras fontes, desde gestores de investimentos, consultores, fornecedores e até o ppt que Luciano Hang, fundador e principal executivo do grupo, tem usado para captar investidores.
A matéria conta que Hang trabalha pela meta de avaliar a Havan em R$ 100 bilhões, atrás apenas do Magazine Luiza com valor de mercado de R$ 153 bilhões. Entre os fatores que pesam para investidores avaliarem a empresa por um múltiplo bem menor, estão três itens chave:
- baixa penetração no e-commerce e poucos indícios de transformação digital;
- governança falha, sobretudo em relação às transações entre a empresa e o fundador e
- o “risco Hang”, como era de se esperar.
O documento da oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) cita o dono como um “risco para o negócio”, tendo em vista que já foi e é parte em inquéritos, ações cíveis e criminais, além de ser, segundo um gestor de ações ouvido pela reportagem, “um sujeito exótico”, e por ter se envolvido em inúmeras manifestações políticas, demonstrando opiniões radicais e posturas inadequadas, como colocar os funcionários num galpão para incentivá-los a votar em Bolsonaro na eleição passada.
Esta fotografia, incluindo a citação ao livro da XP, mostra que não existe dono – ou executivo de alta patente – sem crachá. A todo instante, figuras estratégicas nas organizações estão sendo observadas e suas atitudes e manifestações podem arranhar a imagem da empresa, chegando a detrair do valor financeiro do ativo.
Cada vez mais “propósito”, “gestão de impacto” e “governança” são quesitos observados e têm determinado o apetite de investidores e o fluxo de capitais. As empresas não existem mais apenas para seus donos. Existem para a sociedade. Esses três conceitos são entremeados pelas práticas empresariais e pela comunicação da marca e seus principais representantes. Na era da informação, todos são mídia e não há espaço para amadorismos, improvisos ou inconsistências na construção de reputação e na comunicação diária entre stakeholders.
Talvez nem todos tenham percebido, mas a Comunicação se configura hoje como um elemento de diferenciação e valorização do ativo. Por isso, tenho investido cada vez mais tempo em estudar e aprimorar um framework de gestão de imagem e posicionamento de executivos. Não é mais uma questão de opção. Só assim, estes poderão cumprir a missão de entregar valor para todos os públicos com que sua empresa se relaciona.
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Por: Nathalia Coutinho.